sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Tudo sobre Vermelhos



Índice:

Vamos colorir no ninho?
O que é Carophil
Lipocromo e melanina
Avaliando Canários da linha Clara
Cantaxantina
Técnica de Intensificar a cor


VAMOS COLORIR NO NINHO? 

António Celso Ramalho - Juiz OBJO/COM - 
Presidente OBJO/FOB Revista UCPP 2005 


Nos 5 campeonatos regionais que tivemos a oportunidade de atuar como juiz e mesmo no brasileiro deste ano, a deficiência de coloração dos canários com fator vermelho foi uma observação constante. Esse fato também foi notado e comentado por outros juizes e, na reunião técnica da OBJO realizada em 04/07/88 na cidade de Blumenau o assunto foi bastante discutido. 
Alguns companheiros argumentavam que vários criadores estão colorindo os filhotes no ninho e que a pigmentação das chamadas penas infantis é inferior e por isso os pássaros apresentam deficiência de coloração. 
Outros apontaram a qualidade do corante ou das técnicas empregadas para colorir, como possíveis responsáveis pêlos maus resultados.
 Considerando que a retirada das "penas de ninho" compromete a plumagem, principalmente dos mosaicos, favorecendo o aparecimento de cistos e de penas duras ou retorcidas, inutilizando os pássaros para os concursos e muitas vezes até para a reprodução, foi proposto que os canários com fator deveriam concorrer com as penas originais, que não são trocadas na primeira muda (remiges, coberturas primárias e secundárias e retrizes), sem colorir, como na Europa. 
Como era esperado, logo estabeleceu-se uma polemica, pois inúmeros juizes foram contrários a essa proposta. Formou-se então uma comissão para estudar o assunto, para a qual fomos designados e, nesta oportunidade, queremos tecer algumas considerações e externar nossa opinião. Estamos de pleno acordo que a retirada de penas é realmente um procedimento agressivo e aberrante, que atenta contra a fisiologia do pássaro.
 Por outro lado, entretanto, não concordamos com a aceitação em concursos, de canários com fator vermelho, apresentando penas não pigmentadas, pois isso, além de dificultar a avaliação do que até onde seria realmente "pena de ninho", também comprometeria a estética do pássaro. 
Além disso, é preciso considerar a dificuldade de manter um filhote até a época dos concursos, sem quebrar ou perder penas das asas e da cauda, como conseqüência, com certeza, chegariam aos concursos grande número de pássaros com mescla de penas vermelhas e amarelas, gerando mais problemas de julgamento. No hemisfério norte é certo que os canários com fator concorrem com as penas de ninho sem colorir, o que por si já é uma dificuldade a mais, pêlos motivos já considerados. 
Devemos lembrar também que, nesse hemisfério, o lipocromo amarelo-dourado é o preferido, contra o nosso amarelo-limão; o tamanho e a forma dos pássaros também são diferentes do nosso gosto, embora as características técnicas sejam excelentes. Convém lembrar ainda, que se nós usarmos por exemplo, a porcentagem de beta caroteno empregada pêlos criadores europeus para colorir nossos canários, tenho certeza que o resultado não agradaria, como já foi por nós comprovado. 
Cada povo com seus usos e costumes! Assim, creio que devemos continuar aproveitando na formação dos planteis só o que os pássaros europeus têm de melhor: as características técnicas, e isso vem sendo feito, como pode ser comprovado pela melhoria da qualidade dos pássaros, especialmente dos mosaicos, em nossos concursos. Para o tamanho, forma e pigmentação é preferível continuar com os nossos costumes. 
Tradicionalmente, no hemisfério sul estamos acostumados a observar a beleza do lipocromo vermelho destacando, por exemplo, as zonas de eleição dos mosaicos e, a introdução de mais uma cor, no caso amarelo ou laranja, prejudicaria a harmonia do pássaro.
 Acreditamos que as desvantagens fisiológicas produzidas pela retirada de penas, ou estéticas, mantendo-se as penas de ninho sem pigmentação, podem ser facilmente superadas, empregando-se uma boa técnica para colorir os filhotes desde os seus primeiros dias de vida e mantendo-se a pigmentação até a época dos concursos, A prática nos tem mostrado que se a técnica de coloração for adequada, a diferença entre a pigmentação das penas infantis e adultas e pouco significante e, ao nosso ver, é preferível que haja uma pequena diferença de matriz ao invés do contraste gritante das penas amarelas. Além disso, a coloração mais tênue, desde que uniforme, pode ser até vantajosa no caso dos mosaicos, pois permite maior destaque do lipocromo mais vivo nas zonas de eleição. 
As despesas adicionais com esse procedimento são irrisórias, pois maior número de pássaros serão aproveitados para os concursos, vendas e plantei. Ao nosso ver, o mais importante é obedecer as dosagens de corante recomendadas pêlos fabricantes e/ou exaustivamente preconizadas por criadores experientes, amplamente discutidas em revistas especializadas e em catálogos de exposições. 
Também é necessário que o criador adquira de uma só vez toda a quantidade de corante que for usar na temporada e que a administração seja regular e em doses uniformes, para evitar que os pássaros, principalmente os intensos, apresentem nuances diferentes de coloração por todo o corpo, como observamos inúmeros casos este ano. Por fim, é preciso ainda atentar para o veículo de cantaxantine (microesferas de gelatina, amido etc...) para eleger a melhor forma de administração. Para melhor absorção é recomendável o uso de um veículo oleoso ao administrar a cantaxantine. Particularmente eu uso o óleo de girassol. 
Acreditamos que com o emprego dessas normas simples e com um pouco mais de atenção e capricho na coloração, os pássaros não precisarão ser traumatizados com a retirada de penas e os resultados serão mais satisfatórios. 
Quanto a parte técnica dos julgamentos apenas o bom senso dos juizes reavaliando os critérios quanto a uniformidade de lipocromo, solucionará o problema.


O QUE É O CAROPHILL

Segundo os laboratórios Roche são carotenóides pigmentares, em formas estabilizadores, de qualidade uniforme, fáceis de assimilar, sem contra-indicações, com grande rendimento. Com base nestes carotenóides preparam-se três produtos adaptados às condições de emprego na alimentação das aves: 
CAROPHILL RED possui 100 miligramas de cantaxantina por grama de produto, utilizado largamente na avicultura comercial para intensificar a coloração da gema dos ovos e também em canaricultura. 
CAROPHILL YELLOW constituído por 100 miligramas de éster apocarotenóico por grama de produto, largamente utilizado na criação de frangos de corte para pigmentá-los de amarelo. 
CAROPHILL ORANGE que vem a ser um complexo de mistura a base de 50% dos dois, carophill red e carophill yellow. 
Até alguns anos atrás nós usávamos diretamente a cantaxantina para colorir os canários, hoje usamos 100 miligramas desta por grama do produto ministrado. A cantaxantina pura é bem mais roxa do que o carophill red e inegavelmente tem muito mais poder de coloração, sendo porém muito difícil hoje em dia a sua obtenção, sem contar o elevado preço que atinge o mercado. De três a cinco gramas eram então suficientes para serem adicionados a um quilo de ração. 
O Carophill, para se obter uma boa coloração, pode ser adicionado na base de 10 gramas por quilo de ração. O criador deve ter também o cuidado de adquirir, no início do processo, todo o carophill que for necessitar, inclusive de uma mesma caixa. O uso de tubos alternados comprados em épocas diferentes, provavelmente lhe trará amarga surpresa com manchas na coloração. Calcula-se o consumo. Coloca-se em uma folha de plástico todos os tubos adquiridos. 
Faz-se então uma perfeita homogeneização, para depois recolocar nos tubos. Ao efetuar a mistura com a ração, alimentar, usar preferentemente um quilo de ração usando sempre a mesma quantidade de carophill red, rigorosamente medida ou pesada. Esta é a forma mais certa de evitar manchas na plumagem. A época apropriada para iniciar o processo de coloração é de 60 dias após o nascimento. Há porém aqueles que dão carophill desde o ninho. Isto, muitas vezes, evita o trabalho desagradável de arrancar as pequenas penas de cobertura. 
Porém, a coloração de ninho nunca chega a atingir o mesmo grau de intensidade do que aquele após a primeira muda. Na Europa não é usado retirar as penas das asas e os pássaros são apresentados em concursos com estas na cor laranja que vem de ninho. 
Este é tipicamente um hábito do criador da América do Sul. Vimos que o carophill red é utilizado por criadores de galinhas para obterem ovos com a gema o mais vermelho possível. Este carophill, que vem através da gema, transmite em parte aos canários e sobretudo aos pássaros amarelos que vão muitas vezes tomando uma cor de dourado ou meio dourado, prejudicando a obtenção de bons pássaros com fator de refração. Na Europa, o carophill yellow é largamente utilizado nos pássaros, para a obtenção de pássaros dourados fortes, uso sobretudo corrente na canaricultura de porte.


roupas
roupas
LIPOCROMO E MELANINA




LIÇŐES DE UM GRANDE MESTRE Victor Moreira Revista CORA 2006 

As regras da hereditariedade descobertas por Mendel, constituem-se num instrumento decisivo na reproduçăo de canários. Entretanto o criador năo precisa Necessariamente entende-las em sua plenitude. Com o tempo, de maneira geral irá adquirindo conhecimentos genéticos, técnicos e teóricos, necessários a todo bom criador. É importante porém, que alguns conhecimentos, indispensáveis para o bom andamento da criaçăo. Os canários dividem-se em dois grandes grupos Linha Clara ou Lipocromica e Linha escura ou Melânica. A designaçăo Lipocromica, provém de lipocromos, nome genérico de um grupo de pigmentos hidrocarbonatos solúveis em gordura, tais como o caroteno, luteina e xantofila.
O caroteno é um pigmento de cor laranja ou vermelha, encontrado na cenoura, batata doce etc, sendo que, as variedades beta, alfa e gama săo provitaminas que após sintetizadas no organismo, se transforma em vitamina A. A xantofila está presente nas folhas verdes e vegetais e a luteina se encontra na gema de ovo, no milho, etc. Ao ingerir estas substâncias o organismo do canário assimila-as dando origem as cores lipocromicas características.
Os carotenóides săo transportados pela corrente sanguínea até o canudo (canhăo) das penas, nelas se depositando continuamente, até se completarem. Este processo se inicia antes mesmo que as penas atravesse a pele. Por esta razăo é imprescindível no que diz respeito aos canários com fator vermelho, que a cataxantina seja administrada antes que os envólucros irrigados das penas rompam a pele. Os canários melânicos (linha escura) tem um pigmento chamado melanina, fabricado pelo seu metabolismo orgânico.
O processo biológico de síntese de melanina, se desenrola através de fermentos (tiresinase-dopa) até a formaçăo da eumelanina e feumelanina. As mutaçőes que incidiram sobre a estrutura, densidade e tipo de melanina, influenciaram na variedade de cores melânicas existentes. Resultante da modificaçăo estrutural das células exteriores das penas, existem o fator limăo ou ótico para o azul.
A luminosidade produzida pelo espectro solar, decomposta em radiaçőes, nos dá as varias nuances de cor, que observamos no mesmo nuances de cor, que observamos no mesmo canário em diferentes períodos do dia, ou seja, cores mais amenas de manhă e mais fortes ao entardecer. A plenitude da pureza da cor se observa ao meio dia. Este fator transmite o efeito óptico que dá a cor amarela, um tom esverdeado, daí a denominaçăo Amarelo Limăo. Nos canários brancos, aumenta o brilho da plumagem, dando a ilusăo óptica de uma tonalidade mais branca. Nos pássaros vermelhos por influęncia do fator, a cor vermelha é mais intensa e brilhante.
O fator ótico para o azul, quando inserido nos gens dos canários da linha escura, elimina os resíduos feomelanicos dispersos (manto marrom) proporcionando maior nitidez e contraste entre as melaninas e o lipocromo. Tomando por exemplo, ao introduzirmos o fator ótico nos canários Ágata, eliminamos a feomelanina presente no dorso (manto) dos canários, obtendo dessa forma exemplares com as melaninas mais nítidas, em perfeito contraste com o lipocromo.
Essa regra se aplica a todos os canários de linha escura e pelas consideraçőes apresentadas, entendo que os novos canários de linha escura, com ausęncia quase total de feomelanina marrom no manto, estăo ligados ao fator ótico para o azul.
Esse fator é de caráter recessivo e como tal, precisa estar presente em dose dupla nos dois gametas, ou seja, no macho e fęmea, para que possa manifestar-se e aparecer na plumagem.


       Avaliando Canários da linha clara



A cor dos canários se manifesta basicamente por 3 fatores: presença de melanina, pigmentação lipocrômica(cor de fundo) e categoria (distribuição do lipocrômo na plumagem).

A melanina é um pigmento de origem protéico que ajuda os seres vivos a se proteger dos raios solares e no caso dos pássaros representa um grande aliado na camuflagem para se proteger dos predadores.





Já no inicio do século XVIII surgiam nas criações em cativeiro alguns exemplares mutados que apresentavam em suas plumagens ausência parcial de depósito de melaninas, dando um visual de manchas claras na plumagem. 

Um trabalho simples de seleção foi aumentando as áreas de ausência de melanina, até obter canários completamente claros, sem a menor manifestação melânica na plumagem, fato este que gerou um grupo diferenciado de canários chamados de “linha clara”. Todos estes canários eram originariamente amarelos. Introduzindo novas mutações além do fator vermelho, os canários da linha clara totalizam hoje 36 cores diferentes que tentaremos analisar à seguir.

No Brasil, temos verdadeiro orgulho de possuirmos uma grande quantidade de criadores de alto nível técnico especializados nestes canários, e um padrão competitivo excepcional. Identificação, avaliação e julgamento



A ausência de melaninas e a subplumagem branca, são as características próprias destes pássaros.
Os canários da linha clara são subdivididos em 4 grandes grupos: 
1)sem fator vermelho de olho preto
2)sem fator vermelho de olhos vermelhos
3)com fator vermelho de olhos pretos
4)com fator vermelho de olhos vermelhos

Nos grupos 1 e 2, assim como nos 3 e 4 , a forma de julgamento é idêntica mudando apenas a presença ou não de olhos vermelhos.

Nos canários de linha clara, 50% do valor total de julgamento se atribui à qualidade da cor, composta por dois elementos: 
· Variedade (qualidade, quantidade e distribuição da cor) 30% dos pontos
· Categoria(qualidade de intensos, nevados ou mosaicos) 20% dos pontos

No caso específico dos brancos e brancos dominantes, junta-se a variedade e categoria numa única avaliação, pois trata-se de exemplares com ausência de cor e sem manifestação visual dos fatores intenso, nevado ou mosaico.
Desprende-se então, que tanto a variedade como a categoria dos canários de linha clara, tem uma importância muito maior do que nos canários chamados de “linha escura” e, tanto na hora do acasalamento como no julgamento, nos devem inspirar especial atenção.
Faremos um rápido comentário sobre a composição das cores dos canários de linha clara e suas principais características.

VARIEDADE (LIPOCROMO OU COR DE FUNDO)





Branco não é uma cor ou lipocrômo, e sim a ausência do . É o canário com menos elementos à serem avaliados no que refere à cor. 50% da pontuação destes canários recai exclusivamente na sua brancura.. Por este motivo e pela própria delicadeza da cor branca, são os canários onde o preparo tem maior importância.



Branco dominante sua situação é semelhante à dos brancos, com a única exceção de que apresenta “incrustações” amarelas nas asas. É importante que apresentem o mínimo possível de incrustações de cor amarelo limão, mas lembre que as mesmas devem ser visíveis sem esforço visual exagerado. 




Amarelo três elementos caracterizam a qualidade destes exemplares: qualidade, quantidade e distribuição. Na qualidade, devemos apreciar um amarelo puro bem definido sem tendências para tonalidades douradas. Na quantidade (como a palavra indica), esperamos que os exemplares tenham a virtude de depositarem a maior quantidade de lipocrômo na sua plumagem. Na distribuição, esperamos que ela seja o mais uniforme possível, valorizando os canários que apresentarem a mesma cor, da cabeça até a ponta da cauda.



Observação: as características de qualidade, quantidade e distribuição acima descritas, são comuns não só para os canários amarelos, mas também para os amarelos marfins, vermelhos e vermelhos marfins. Para evitar sermos redundantes, não as repetiremos na descrição das cores à seguir.



Amarelos marfins esta mutação provocou um efeito diluidor na cor amarela, dando uma tonalidade amarfilada. Lembremos de todas formas que se busca a máxima expressão do lipocrômo, de tal forma que uma vez identificado sem dúvidas o fator marfim, valorizaremos aqueles exemplares com maior expressão de lipocrômo.







Vermelho quanto maior a expressão do vermelho e mais brilhante, mais valorizado será o exemplar.

Vermelho marfim a mutação marfim deu ao vermelho uma tonalidade rosa característica. Assim como nos amarelos marfins, uma vez que não tenhamos dúvidas da atuação do fator marfim deveremos preferir aqueles pássaros com maior expressão de lipocrômo.



Cantaxantina


Em passeriformes, os pigmentos vermelhos, amarelos e laranjas com compõe as penas possuem origem a partir dos carotenóides e xantofilas presentes na dieta. De modo geral, carotenóides podem ser precursores de vitamina A (em proporção variável), e as xantofilas, somente possuem função de pigmentação. Cada espécie possui metabolismo diferente em relação aos carotenóides e xantofilas que são ingeridos a partir da dieta, e tranformados em um pigmento específico - pigmento este usado para coloração das penas, que é variável entre as diferentes espécies.



Na natureza, em todas as fontes vegetais, encontramos apenas carotenóides e xantofilas em quantidades bastante variáveis. Desta forma, em ambiente natural, as aves não ingerem vitamina A em sua forma ativa, somente carotenóides e xantofilas, que são transformadas pelo fígado em vitamina A na sua forma ativa conforme a necessidade do organismo. Costumamos falar que a cenoura é rica em vitamina A, por exemplo. Porém, na verdade, a cenoura é rica em carotenóides e xantofilas. De um modo geral, sementes possuem baixíssimas quantidades de carotenóides (fato é que aves alimentadas somente com sementes muitas vezes apresentam deficiência de Vitamina A). Vegetais verdes-escruros, amarelos e vermelhos costumam ser ricos em carotenóides e xantofilas.



Segue esquema de vias de metabolização de pigmentos no organismo das aves, e também três tabelas que apontam qual o tipo de pigmento usado por diferentes espécies que originam suas colorações vermelha, amarela e alaranjada. Estas informações forem obtidas no livro Clinical Avina Medicine, do G. Harrison, considerado entre pesquisadores um dos veterinários que mais entendem de aves em todo o mundo. Com base neste esquema, podemos ver que a Luteína é o pigmento mais próximo para a metabolização da canario-xantofila (pigmento amarelo que os canários depositam nas penas), e o que supostamente levaria a uma melhor tonalidade de amarelo em sua máxima expressão, pois a metabolização (processo de transformação) para a canario-xantofila seria mais fácil em relação a outros pigmentos. 










Técnica atual para intensificar a cor dos canários com fator vermelho


                                  


Canário Vermelho Intenso



A complexidade da arte de intensificar a cor dos canários de fator vermelho por intermédio da alimentação (na qual são administrados diversos caratenoides) gerou e ainda continua ao longo dos anos a provocar grandes polémicas, continuando a ser um tema de discussões entre os criadores.



A utilização dos pigmentos nem sempre dá os resultados que esperamos, tema que mesmo ao nível internacional provoca entre os aficionados grandes paixões e entusiasmo.



Para começar passo a indicar os caratenoides mais utilizados e comercializados:

1) Carofil Pink (astaxantina) -Cor de Rosa 

2) Beta Caroteno 10% -Cor de Laranja 
3) Cantaxantina 10% (1 gr. contém 100 mg. do produto -Cor Vermelho) 
4) Carfil Red (1 gr. contém 100 mg. de Cantanxatina pura -Cor Vermelha) 

Em relação aos produtos acima referenciados, uns são solúveis na água (os indicados nos pontos 1 - 2 - 3) ou solúveis na água e na gordura (ponto 4), podendo ser diluído em água fervida, daí a importância da sua utilização em papas húmidas (gordurosas) -exemplo: Biancofior da Chemivit. 

Uma boa e eficiente coloração dos nossos jovens canários, feita com rigor e técnica aumenta a sua beleza e tem grande influência nas pontuações a atribuir às aves em exposição, tornando-as mais belas e vistosas, contribuindo para o aumento dos apaixonados pelos canários com factor vermelho; é pois esta a grande razão que escolhi para este fórum este tema, dando a conhecer aos criadores os meus sistemas e a sua aplicação, podendo assim ajudar a melhorar o aspecto exterior dos canários. 

1º Método 
Os canários são divididos em três grandes grupos: 
1º Grupo- Todos os canários de Factor Marfim Vermelho (exemplo: Marfim Vermelho - Topazio Marfim Vermelho Mosaico, etc) 
Dosagem: 2 a 3,5 grs. de Xantofil New por cada 1 Kg de papa húmida; 2 a 2,5 grs. de Carofil Red. 4 ou 7 grs. desta mistura por cada 1 Kg. de papa húmida. 
A mesma dosagem por cada litro de água depois de fervida à temperatura de 60 graus, que depois é retirada empregando o líquido obtido na proporção de 100 ml/1 litro de água simples. 

2º Grupo- Todos os canários com Factor Vermelho Mosaico (exemplo: Ágata Vermelho Mosaico, Vermelho Mosaico, Satiné Vermelho Mosaico). 
Dosagem: 3,5 grs. de Xantofil New por cada 1 Kg. de papa húmida; 3,5 grs. de Carofil Red por cada 1 Kg. de papa húmida. 7 grs. total desta mistura por cada 1 Kg. de papa húmida. 
A mesma dosagem por cada 1 litro de água fervida à temperatura de 60 graus, que depois é retirada empregando o líquido obtido na proporção de 100 ml por cada litro de água normal ou simples. 

3º Grupo- Todos os canários com Factor Vermelho sejam eles intensos ou nevados (exemplo: Vermelho intenso ou Nevado, Negro Vermelho Intenso ou Nevado). 
Dosagem: 5 grs. de Xantofil New por cada 1 Kg. de papa húmida; 5 grs. de Carofil Red por cada 1 Kg. de papa húmida. 10 grs. total desta mistura por cada 1 Kg. de papa húmida. 
A mesma dosagem por cada litro de água, depois de fervida à temperatura de 60 graus, que posteriormente é retirada utilizando o líquido obtido na proporção de 200 ml por cada 1 litro de água simples ou normal. 

Para não restarem dúvidas e para melhor esclarecimento, temos que usar duas garrafas: 
-a 1ª contém o líquido que foi fervido nas proporções indicadas (concentrado) que depois é guardado no frigorífico. 
-a 2ª garrafa (1 litro de água simples) retiramos da 1ª garrafa a dosagem referida nos grupos 1 - 2 -3 para administrarmos após fazermos a mistura com água normal nos canários consoante as variedades. 
Esta mistura é também guardada no frigorífico até esgotarmos a mistura do líquido obtido (exemplo: para colorir um canário Vermelho Mosaico retiramos da 1ª garrafa -líquido mais concentrado- 100 ml para adicionarmos a 1 litro de água normal. 
Desta segunda mistura colocamos o líquido nos bebedouros das gaiolas de preferência a ser consumido no próprio dia, tendo o cuidado de o recipiente não estar em contacto directo com os raios solares (excesso de claridade) razão pela qual aconselhamos os criadores, sempre que possível, a manterem as aves de Factor Vermelho na penumbra para conseguirem uma coloração mais forte, brilhante e homogénea. 

Como notas finais, não devemos usar águas muito alcalinas ou que contenham muito cloro, pois estas duas situações prejudicam a diluição e conservação dos corantes utilizados. 

Quanto à razão da minha preferência pelo Carofil Red em detrimento da Cantanxatina, prende-se por um motivo muito simples: 
-o Carofil Red tem o mesmo poder de coloração e eficácia que a Cantaxantina e não provoca tantos efeitos nocivos (a saber: sobrecarrega mais o fígado das aves, provoca a coloração arroxeada -sujeita a penalização nos julgamentos). 

2º Método- os canários são agrupados em um único grupo. 
Dosagem: 100 grs. de Carofil Red + 50 grs. de Xantofil New; 150 grs. total desta mistura à qual retiramos entre 7,5 grs. a 10 grs. por cada 1 Kg de papa húmida (Biancofiori). 
Quanto aos cuidados a ter são idênticos aos anteriormente citados (canários sempre na penumbra) devendo a papa administrada ser de preferência consumida no próprio dia (o corante vai perdendo a sua eficácia em contacto com a claridade). 
O método nº1 é para mim o mais eficaz, pois o líquido colocado nos bebedouros obriga a que todos os canários o bebam, enquanto que na papa, por norma, algumas aves rejeitam a comida ou por estarem adoentadas ou pela agressividade das aves mais velhas, como tal não produzindo os efeitos desejados pelo criador (obter aves com um vermelho uniforme e brilhante). 

Boas criações e mudas excelentes. 

Carlos Almeida Lima 
Juíz Internacional Cor e Porte CNJ/OMJ

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